sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Ceticismo - Dicionário Filosófico

Consultar um dicionário de Filosofia de vez em quando pode ser útil. 
Para facilitar, vamos inserindo aqui alguns conceitos importantes para os alunos de 10º e 11º anos de Filosofia.
A.
 CETICISMO
A perspectiva que nega total ou parcialmente a possibilidade do conhecimento. De acordo com o céptico, se bem procurarmos, encontramos sempre boas razões para duvidar mesmo das nossas crenças mais fortes. Há dois grupos de argumentos cépticos: o primeiro baseia-se nas diferenças de opinião, mesmo entre as pessoas mais conhecedoras; o segundo, baseia-se nas ilusões perceptivas. Há diferentes tipos de cepticismo. Uma forma radical de cepticismo é geralmente atribuída a Pirro de Élis (c.360 a. C.-c.270 a. C.), para quem devíamos suspender o nosso juízo em relação a todas as coisas. A resposta habitual a este tipo de cepticismo é procurar mostrar que é auto-refutante (ver AUTO-REFUTAÇÃO), pois se podemos afirmar que nada sabemos é porque já sabemos precisamente isso. TambémDESCARTES procurou responder aos argumentos cépticos, mostrando que há pelo menos uma coisa que resiste à dúvida mais insistente: que existimos. Além do cepticismo radical há outros tipos de cepticismo que limitam o seu âmbito apenas a certas áreas. Este tipo de cepticismo parcial pode aplicar-se a aspectos metodológicos: empiristas, como HUME, são cépticos em relação ao conhecimento a priori do mundo (ver A PRIORI/A POSTERIORI), enquanto que alguns racionalistas duvidam do conhecimento EMPÍRICO. Mas também se pode dirigir apenas a determinado tipo de entidades: o conhecimento de outras mentes, a existência de Deus, o conhecimento do futuro, a INDUÇÃO (ver PROBLEMA DA INDUÇÃO), o conhecimento de verdades éticas, o conhecimento do MUNDO EXTERIOR, etc. Sexto Empírico (c. 150-c.225) e Michel de Montaigne (1533-92) são dois dos mais destacados defensores do cepticismo. AA

Dicionário Escolar de Filosofia, Plátano Editora, em http://www.defnarede.com/c.html

B.
 CETICISMO (do gr. skeptikós: aquele que investiga) 1. Concepção segundo a qual o conhecimento do real é impossível à razão humana. Portanto. o homem deve renunciar à certeza, suspender seu juízo sobre as coisas e submeter toda afirmação a uma dúvida constante. Oposto a dogmatismo.
2. Historicamente. o ceticismo surge na filosofia grega coin *Pirro de Élis. Há, no entanto, várias vertentes no ceticismo clássico. *Sexto Empírico, seu principal sistematizador, defende a posição da *Nova Academia. segundo a qual se a certeza é impossível. devemos renunciar às tentativas de conhecimento do ceticismo pirrônico, o qual embora reconhecesse a impossibilidade da certeza, achava necessário continuar buscando-a. Tradicionalmente distinguem-se no ceticismo três etapas: a *epoche. a suspensào do juízo que resulta da dúvida; a *zétesis, a busca incessante da certeza: e a *ataraxia, a tranqüilidade ou imperturbabilidade que resulta do reconhecimento da impossibilidade de se atingir a certeza e da superação do conflito de opiniões entre os homens. Na concepção cética, portanto. a *especulação filosófica retornaria ao senso comum e à vida prática.
Ver pirronismo.
3. No pensamento moderno, sobretudo com *Montaigne e os humanistas do Renascimento, o ceticismo é retomado como forma de se atacar o dogmatismo da escolástica, o que leva à adoçào de uma concepção de conhecimento relativo. Há também nesse período uma corrente do chamado ceticismo fideísta, que argumenta que, sendo a razão incapaz de atingir a verdade, deve-se então apelar para a fé e a revelação como fontes da verdade. A dúvida cartesiana pode ser considerada como tendo se inspirado na noção cética de suspensão de juízo, a epoché, noção esta também retomada mais tarde pela *fenomenologia.
4. Pode-se considerar que o ceticismo inspira em grande parte a atitude crítica e questionadora da filosofia contemporânea. Por exemplo, as questões da relatividade do conhecimento e dos limites da razão e da ciência, que a epistemologia contemporânea trata, têm raízes no ceticismo clássico e no moderno.
H. JIAPIASSÚ e MARCONDES, Dicionário Básico de Filosofia, Rio de Janeiro, Zahar Ed. 2001, em http://dutracarlito.com/dicionario_de_filosofia_japiassu.pdf

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