terça-feira, 17 de março de 2015

O Menino Selvagem

«L'Enfant Sauvage» de François Truffauf, um filme a preto e branco de 1970, continua a ser um filme sempre a rever! A história, as imagens, os enquadramentos, o desempenho dos atores, a música... tudo nele é apreciável.
Além disso, e apesar das interrogações que se podem levantar, não deixa de ser também uma história de ternura e de esperança.

Deixo aqui o vídeo retirado do Youtube, legendado em português do Brasil. Quem quiser ver o filme noutras condições pode requisitá-lo na BECRE da nossa escola.


A propósito, não posso deixar de referir que a obra que serviu de base ao filme existe em tradução portuguesa. Refiro-me ao livro «As crianças Selvagens», de Lucien Malson, da Livraria Civilização, que inclui os relatórios do Dr. Itard referentes ao processo de educação de Vítor, o nome que foi dado ao Selvagem de Aveyron.



10 comentários:

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  2. Gostei bastante deste filme , acho que retratou muito bem o caso de uma criança selvagem , e acabou por assumir duas facetas: umas mais cientifica ligada ao desenvolvimento humano e outra mais emocional relacionada com sentimentos como a esperança , o afeto , carinho etc. Uma das cenas do filme que mais me marcou foi quando,a criança selvagem, Vítor, pronunciou a sua primeira palavra,leite, pois esta cena mostrou que as crianças selvagens se podiam desenvolver.
    A nível social , e tendo em conta a época da sua realização , sem dúvida que este filme decerto teve um grande impacto , e permitiu que este tipo de crianças, antes marginalizadas ( como foi o próprio Vitor , quando enviado para o orfanato) passassem a ter mais apoio a fim de se desenvolverem e se poderem assim integrar na sociedade.
    Jéssica 12ºH

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  3. Este filme demonstra-nos como uma pessoa ao ser diferente pode ser incompreendida, criticada e isolada pela sociedade. Vítor ultrapassou muitos obstáculos tal como o desenvolvimento de emoções, afetos e também o desenvolvimento cognitivo com a ajuda do Dr.Itard e da sua governanta. Estes demonstram que sentimentos como a compaixão e o amor podem desenvolver-se mesmo por pessoas com algum tipo de atraso, o que prova que não é preciso sermos todos iguais para nos integrarmos na sociedade.

    Catarina e Beatriz, 12ºE

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  4. O visionamento deste filme marcou-nos bastante , pois é uma história invulgar e bastante emotiva. Consideramos que a atitude do Doutor Itard foi fundamental no desenvolvimento de Victor pois foi o único que acreditou que Victor tinha capacidades para se desenvolver e que não sofria de nenhuma deficiência apesar dos seus comportamentos animalescos. Defendeu sempre que esses mesmos comportamentos se deviam ao facto de Victor ter crescido fora do meio social e ter adquirido comportamentos de animais com os quais convivia na floresta. Foi bastante interessante acompanhar, ao longo do filme a evolução de Victor e a persistência do Dr. Itard, que apesar das dificuldades nunca desistiu e que via cada aprendizagem de Victor, por mais pequena que fosse, como uma vitória.

    Ana Raquel e Sofia Ventura 12ºH

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  5. Nunca pensámos na realidade de "pensar sem linguagem" antes da visualização deste filme, mesmo que desde pequenos estejamos familiarizados com histórias sobre crianças que nascem longe da sociedade e do contacto com humanos como: "O Livro da Selva", "Tarzan" e "Rómulo e Remo", mas nunca esses casos nunca nos deu a correta perceção das repercussões que um desenvolvimento pessoal fora das normas pode desencadear no comportamento humano.
    Neste filme, Vitor, habita numa floresta onde adquire comportamentos animalescos, um olhar vago com reduzida expressão facial, insensibilidade às mudanças de temperatura, vocalização típica de um animal, etc., tudo aspetos reconhecidos e observáveis no início do filme quando nos mostram como Vitor vivia e mais tarde aquando na posse do Dr. Itard.
    É incrível ver como Vitor evoluiu sobre a proteção do Dr. Itard com o desenvolvimento de afeto e gestos, da compreensão do justo e do injusto e o mais fantástico: a tentativa de vocalização e a interpretação das palavras.
    Recuperar a linguagem, supostamente destinada a desenvolver-se durante a infância (período sensível), é considerado irreversível. Isso é uma das coisas que faz com que este filme seja ainda mais marcante e maravilhoso de ver.

    Madalena e Rafaela 12ªE

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  6. Correção: "mas nunca nenhum desses casos nos deu a correta perceção das repercussões(...)"

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  7. Este filme é um exemplo de que a influência da cultura é um fator fundamental para o crescimento intelectual e social de um individuo. Ao longo do crescimento do individuo, especificamente durante a infância , este deve ser estimulado por um conjunto de fatores externos e internos de modo a que seja capaz de se inserir na sociedade. Podemos ver que estas crianças 'selvagens' nunca conseguiram pertencer á sociedade porque não pensavam, sentiam e interagiam como as outras crianças, ditas 'normais'.
    Beatriz Santos 12ºF
    Mariana Miranda 12ºA

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  8. Este filme nos demonstra a grande necessidade acerca do processo de socialização do ser humano, pois como é evidente no filme a criança apresentava dificuldades motoras, andando como um quadrúpede e não como um bípede, e problemas emocionais, pois vivendo em ambiente selvagem retraía todas as suas emoções de forma a não se aparentar fraco para diversos predadores, algo que se veio a alterar mais tarde visto que a criança ao se deparar com uma injustiça começa a chorar demonstrando as suas emoções.
    Concluindo, a socialização da criança apesar de ser tardia demonstra a implicação deste processo no desenvolvimento humano.

    Hugo Batista
    João Santos
    Tomás Ricardo
    12ºG

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  9. Cultura e a tudo o que nos obriga, somos naturalmente seres selvagens

    “Não basta nascermos humanos, porque temos de nos tornar humanos” é uma afirmação com que nos debatemos frequentemente. De facto, quando nascemos somos apenas seres vivos dependentes de entidades superiores e responsáveis, normalmente os nossos progenitores, sendo que a nossa individualização não poderia ser o que é sem um conjunto de outras dimensões sociais, culturais e pessoais que determinam e condicionam largamente a nossa sobrevivência. Entende-se por cultura um conjunto de valores, crenças, instituições, conhecimentos, produções artísticas e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade, resultantes da integração social, transmissíveis às gerações futuras. A transmissão social é, por isso, um fator humanizador e o testemunho presente no filme realizado por François Truffaut, “O menino selvagem”, é um exemplo disso mesmo. Efetivamente, o filme centra-se na história verídica de uma criança entre os oito e os dez anos que foi encontrada no ano de 1800 numa floresta nos Pirenéus franceses, já visualizado por vários populosos que afirmavam convictamente que se tratava de uma besta selvagem. A verdade é que aquela criança tinha sido abandonada por volta dos quatro anos, como muitas outras no século XIX, e ter sobrevivido já foi um milagre. Escusado será dizer, que a criança foi educada no meio selvagem, onde desenvolveu acima de tudo o espírito de sobrevivência, realizando tudo o que fosse necessário de modo a garantir a sua presença na terra, comportava-se, por isso, como um animal. Deslocava-se com os membros superiores no chão, rasgava a roupas que lhe tentavam vestir e rejeitava todo o tipo de alimentos cozinhados, restringindo a sua alimentação a raízes, nozes e rebentos. À exceção do médico Jean- Marc Itard, todos os outros especializados no assunto defenderam que se tratava de uma criança atrasada mentalmente, uma aberração. Esta figura distinta, responsabilizou-se pela criança e iniciou um processo de aprendizagem, sendo que cinco anos mais tarde esta já tinha desenvolvido várias capacidades, embora não conseguisse falar, uma das primeiras características que os bebés aprendem. Passo a citar um exceto do relatório escrito pelo tutor da criança ao ministro do interior- “Comparando com um adolescente da mesma idade, não passa de um se infeliz, pária da natureza, como o foi da sociedade. Mas, se nos centrarmos nos dois termos de comparação que oferecem o estado passado e o estado presente de Victor, ficaremos surpreendidos com o espaço imenso que os separa e pode-se estabelecer se Victor não é mais diferente do Selvagem de Aveyron que chegou a Paris do que doutros indivíduos da sua idade e da sua espécie”.

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    1. Tal como Aristóteles afirmou “Um ser humano isolado ou é um deus ou um animal, mas não é verdadeiramente um ser humano”. Através do conhecimento filosófico e popular, assim como do exemplo do menino selvagem é impossível negar que o ser humano atualiza e expressa certas potencialidades inscritas do respetivo programa genético através do processo de socialização, processo que decorre no interior de uma determinada cultura que sofre influência de diversos agentes socializadores, como a família, escola, pares e religião. Assim, ao mesmo tempo que o indivíduo desenvolve a sua própria personalidade, aprende a interiorizar padrões culturais, competências e conhecimentos que facilitam a sua integração social e que, claramente, condicionam fortemente os seus padrões valorativos, influenciando a sua personalidade e, por consequência, as suas ações. Termino salientando o facto de não existir apenas uma cultura, existem milhares por todo o mundo. Todos somos seres humanos, mas estamos sempre separados por barreiras linguísticas, religiosas, geográficas e étnicas. Contudo, de modo a não cairmos no erro de adotar uma perspetiva etnocêntrica, reconhecer a legitimidade apenas de uma cultura, devemos seguir a relatividade cultural. As ações de cada um devem ser vistas à luz da sua cultura e dos padrões que lhe foram incutidos, sempre de forma pacífica e respeitadora. A cultura define-nos e transforma-nos como membros de uma determinada sociedade, criando o nosso “eu” através dos “eu” dos outros membros. O respeito deve ser um valor universal e inquebrável, pois só ele é capaz de combater todos os possíveis conflitos culturais. Apelo, então, ao respeito pela condição humana. Maria Ferreira, nº17, 12ºG, abril de 2020.

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